Inovação

Empresa de informática do Recife estuda abrir filial em Santa Maria

Foto: Deni Zolin (Diário)
Nelson Campelo é gaúcho, tem empresa de informática em Recife e avalia chance de abrir filial em Santa Maria

De quarta a sexta-feira, dois empresários da área de tecnologia visitaram Santa Maria, indo à Agittec, UFSM, Unifra, Parque Tecnológico e Exército, para conhecer os potenciais da cidade. Ricardo Blagevicth, da multinacional Algar Tech, estuda investir em startups daqui e conheceu algumas. Nelson Campelo, da Ustore, do Porto Digital de Recife, avalia a ideia de abrir uma filial em Santa Maria, instalando um segundo centro de desenvolvimento da empresa, que tem hoje 70 funcionários. Ele disse que ainda não há definição se virá ou não, mas que a expansão ocorrerá este ano. Campelo disse que pretende colaborar para o desenvolvimento do setor de tecnologia e inovação na cidade. Para ele, o principal passo para isso é definir de uma a três áreas em que as incubadoras e o Parque Tecnológico devem se focar para que a cidade vire referência nacional nesses segmentos. 

- Hoje, tem-se aqui uma dispersão - cita ele, lembrando que as startups trabalham com áreas e produtos muito variados, não criando sinergia.

Confira abaixo a íntegra da entrevista com Nelson Campelo:

Diário - Qual foi o objetivo da visita a Santa Maria?

Nelson Campelo - Viemos ver formas de fomentar o empreendedorismo na área de inovação na cidade e, especialmente, na universidade, e como que Santa Maria pode virar um centro nacionalmente e internacionalmente na área de desenvolvimento tecnológico e na criação de empresas nessa área. Há um capital intelectual aqui que é reconhecido nacionalmente como um dos melhores ativos nessa área, mas o ecossistema local talvez não tenha crescido tanto quanto poderia, olhando outras referências que se tem hoje no Brasil. Queremos ver como a gente consegue auxiliar nesse processo de fortalecimento desse ecossistema de tal maneira que gere mais empresas e mais empregos associados a isso, e que Santa Maria passe de um polo exportador para um polo importador de capital intelectual. Porque no segmento de tecnologia de informação, você pode desenvolver em qualquer lugar os produtos e manter as empresas em qualquer lugar. A conexão aqui, da academia, com as startups e empresas de tecnologia é muito forte, e pode ser ampliada. E verificar como que essa conexão com o mercado possa ser fortalecida de tal maneira que Santa Maria acelera o desenvolvimento dessa área toda e se torne uma referência nacional. Para isso, você tem de identificar alguns segmentos ou subsegmentos nessa área de tecnologia que você tem de focar mais para ser reconhecido.

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Diário - Vocês pretendem investir em Santa Maria? 

Campelo - A ideia da Ustore é entender o potencial do ecossistema de Santa Maria para que, quando a gente pensar numa expansão, com a criação de um segundo centro de desenvolvimento, a gente possa considerar Santa Maria como alternativa. E eu como gaúcho e empresário, quero ver como posso fomentar esse ecossistema e de que forma posso auxiliar numa forma como tutoria, ou como investidor ou como conexão com investidores para algumas das empresas daqui.

Diário - O fato de Santa Maria ter, além de "cérebros", um custo de vida menor, é um atrativo para investir aqui? 

Campelo - O custo é sempre um atrativo. Como empresários, a gente está sempre procurando formas de redução de custos, mas isso não é suficiente. Hoje, em Recife, nosso custo comparado com São Paulo, é bem menor, tem benefícios fiscais, a gente implementa a empresa em um local que tem acesso a um capital intelectual diferenciado para o nosso negócio. E Santa Maria tem uma questão de custo e capital intelectual que não é suficiente. Tem de se criar aqui um ecossistema que se retroalimente e se consiga crescer mais, fazer um pouco mais de marketing da marca de Santa Maria como um polo de desenvolvimento de tecnologia. A minha percepção, e não é uma crítica, apenas uma constatação, é que se tem aqui uma dispersão. Tem uma empresa aqui focada em realidade virtual, tem outra focada em robótica, outra para o segmento de agronegócio. Talvez Santa Maria precise, num processo inicial de expansão, se focar em dois ou três subsegmentos. "Ah, nós vamos desenvolver tecnologia talvez para o segmento de jogos, o segmento financeiro e o e de agronegócio, para que Santa Maria seja referência".

Diário - Para se fazer aqui como é no interior de São Paulo, onde há um parque tecnológico só de agronegócio? 

Campelo - Isso, pois daí você tem foco de duas formas. O foco vertical, por indústria, e o foco horizontal por subsegmentos da área de TI. Florianópolis é muito conhecida pelo desenvolvimento de aplicações no que se chama de software como serviços, lá em Belo Horizonte, a San Pedro Valley, está associado a sistemas médicos. Lá em Recife, é tecnologia básica: segurança, sistemas operacionais, que são coisas globais. Daí, o que acontece: as principais cabeças acabam indo para esses polos. Então, acho que ter esse planejamento estratégico seria interessante para que possa ser ajustado e entender essas demandas de mercado e ir antecipando, para definir o que será feito. Porque cria essa identidade.

Diário - Um exemplo seria focar em empresas de óculos de realidade virtual? 

Campelo - Exatamente. Pois daí, se alguém pensou em realidade virtual e educacional em Goiânia, ela vai vir para se instalar em Santa Maria. Porque a área de tecnologia da informação se expande cada vez mais e vai criando os seus subsegmentos. Então, você tem de criar essa identidade e massa crítica. O Rio Grande do Sul tem uma vocação para o agronegócio que é inquestionável, e a UFSM também. Talvez seja criar algo focado nisso. Ou até pelo incentivo do José Alcides Munhoz (santa-mariense e ex-vice-presidente do Bradesco que participou da visita) e por o Rio Grande do Sul ter o Banrisul, eu focaria numa segunda área que é a financeira, que tem uma explosão de demanda. E pegar talvez um terceiro foco com base em algum caso de sucesso daqui, para tentar criar essa identidade para que Santa Maria possa ser percebida pelos mercados consumidores de tecnologia como ponto de excelência nessas áreas.

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